Ao longo dos anos, em que fui observando o trilho da política partidária no Brasil, comecei a analisar o contexto de um assunto debatido como uma ansiedade universal: O compromisso com Social. Quando iniciado uma vida pública, é sempre esse o “cartaz” pregado por qualquer pessoa que pleiteie chegar a um mandato eletivo. Os argumentos e assuntos se assemelham, chegando a persuadir até o mais céticos dos eleitores. “Prometo fazer isso.... prometo fazer aquilo...”, “No meu governo não vai acontecer falcatruas...” gritam esbaforidos todos, em busca do voto. Mas na prática, será essa a doutrina obedecida pela maioria dos políticos em nosso País? Não quero ser extremista, nem tampouco leviano ao ponto de harmonizar toda a classe política num só “Paredão”, mas a grande maioria parece ter vocação para cometer atos que desagregam valores que deveriam ser preservados.
Na minha terra, cresci vendo nossos administradores preponderando-se dolosamente às custas do suor do Povo. Presenciei uma prefeitura tendo suas paredes literalmente sustentadas por pedaços de vigas quase que caindo na cabeça de um prefeito – à época João Ferreira/ PMDB – e ele caminhava em seus corredores como se nada tivesse acontecendo.
Ao mesmo em que pesava sobre sua administração vários indícios de mau uso do erário público, ele usava o canal público, - o extinto canal 13 - implorando aos “ouvintes que o assistia” – era nesses termos que ele se expressava -, compreensão as intermináveis denúncias que lhe eram atribuídas.
Passado esse período assombroso, assumia por ocasião da cassação do mandato de João Ferreira, o então prefeito e médico Gilvandro Ubiracy Valente. Voltava assim, após décadas, mais um membro da tradicional família Valente a ocupar o cargo mais importante de um município. Em seu discurso de posse, bem em frente à velha prefeitura, Valente prometia transformar a açoitada Alenquer em um “brinco de ouro”. Nesse período o velho prédio da prefeitura foi reformado, perdendo suas características originais, como o assoalho feito da vistosa Maracatiara. Mais um atentado a história do nosso povo... O desfecho da administração de Valente, foi não menos desastrosa e repleta de incógnitas. Na verdade, passou bem longe do brinco que ele prometera.
A cidade viveu um dos momentos mais críticos de sua história. O funcionalismo público amargou cerca 10 meses sem ver a cor do dinheiro. Com isso, a já magra economia local entrou em colapso. O comércio passou a rejeitar crédito a classe trabalhadora municipal e como resultado famílias inteiras foram impelidas a aprender a conviver com a dor da fome além de acumularem dividas. Outros preferiram refugiar-se para outros municípios, em busca de melhores condições de sobrevivência. Até hoje, não se tem relatos oficiais de que Gilvandro Valente possa ter sido responsabilizado por seus atos.
Após o período “Valentista” os munícipes decidem eleger agora um profissional da aviação. De personalidade simples, sem muito conhecimento acadêmico e tido com um “homem do Povo”, João Damascena Filgueiras assumia a prefeitura Ximanga, sinalizada por hematomas politiqueiros e depois de uma campanha bastante hostil. À época, concorria ao pleito do poder executivo municipal, o popular “Esbagaçado” – não me recordo o nome dele -. A maioria da população acreditava piamente que “O Irmão Esbagaçado” seria o novo prefeito do município. Acredito eu que, o povo iria elegê-lo, como forma de protesto aos gestores anteriores que pouco fizeram caso de gerir com responsabilidade a Terra Encantada. Próximo do dia de votação, “Esbagaçado” foi assassinado com dois tiros por um homem, aparentemente desconhecido por todos. O motivo, as circunstâncias e os responsáveis pela morte daquele cidadão, até hoje são desconhecidos. Lamentavelmente a justiça pouco pareceu importar-se sobre a morte daquele ser humano. A verdade, é que mais uma vez conclui que as letras escritas na constituição de 1988, parecem não serem legíveis aos olhos dos agentes cumpridores da Lei em Alenquer. Lastimo muito, que os Protagonistas do Caso Esbagaçado “sumiram ou não quiseram ser vistos do mapa”, como se diz na gíria popular.
Quatro anos mais tarde, a população decide dar mais um voto de confiança ao prefeito João Piloto, recolocando-o ao seu posto. A campanha para sua reeleição não seria fácil, para isso, ele contaria com alguns aliados políticos, entre eles, a parceria da poderosa família Monte, que até hoje dispõe de uma força empresarial bastante sólida no município. Para ganhar voto, Piloto usava temas como: Asfalto, folclore, esporte, agricultura e muita seriedade. Após eleito, vieram a tona denuncias de nepotismo, mau uso de verbas públicas, escândalos familiares, acusações de improbidade administrativa, chegando até ser afastado do cargo por alguns dias. Tudo isso resultou no desempenho negativo de seu candidato o medico Paulo Monteiro, para a eleição de 2004. Era o fim de um primeiro-período “Pilotista”, repleta de acertos e atropelos.
Mas quando imaginava-se que algo não pudesse ficar pior, vemos o contrário. Surge em pleno século XXI um governo eminentemente totalitarista, opressor, ambicioso, corrompido, sagaz, rude e além de tudo extremamente maleável para fins torpes. O nome do gestor? Cleóstenes Farias do Vale. O meu avô que conheceu o pai de Farias, dizia sempre em nossas conversas que ele – Farias – era de personalidade completamente oposta ao de seu pai. Um homem direito em seus negócios, muito imparcial em suas decisões. Era assim que o senhor Luiz Sena definia patriarca da família Vale. O prefeito Farias, no entanto, parece ter esquecido os preceitos aprendidos em casa. Faltava-lhe cavalheirismo em suas palavras, bom senso nas decisões e serenidade nas ações. Eu que assisti inquietamente três anos de governo Farias, sei o foi um administração extremante complexa e mal idealizada. Sobraram denuncias aos órgãos oficiais como: Ministério Público Estadual e Federal, Policia Federal, Tribunais de Contas do município e da União, além de nós através da imprensa, colocarmos a população os fatos absurdos que aconteciam a cada dia. Na verdade, até hoje não consigo entender o que passava-se na cabeça do ex-prefeito Farias. Mas baseado em minhas próprias observações, prefiro ficar com a tese de que sua “base” de governo, foi inversamente proporcional a necessidade da população.
Hoje aos seus 129 anos, Alenquer vive um momento delicado. Afogada em dívidas, e muita coisa para se fazer, o município espera contar com a boa vontade política e ver resolvido seus problemas administrativos – que não são poucos - e quem sabe a partir daí, nossa população começar a enxergar um caminho melhor para ser seguido. Passaria do tolerável, ver mais descaso, falta de compromisso, e uma inércia aguda da classe política. Poderiamos até encorpar uma campanha a exemplo da ONG Greenpeace que diz: “Salvar o Planeta, é agora ou agora”. No nosso caso, substituiríamos o termo “planeta” e incluiríamos a palavra Alenquer. Afinal, o povo fez a sua parte. Votou e confiou! Agora resta recebermos o bom fruto dessa ação.
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