O escândalo dos funcionários fantasmas, ou das Lagartas que se alimentam da Folha, como estão dizendo nas ruas, não foi exatamente uma novidade. A boa surpresa, neste caso, foi o ministério público e, posteriormente a justiça fulminarem com a espada do Direito essa prática tão nociva à democracia, à Administração Pública, ao erário e ao bem da população.
Há muito tempo já se sabia da vergonhosa folha de marajás, que chegou a ser objeto de calorosos debates e denúncias na câmara Municipal. Mas como esperar que os vereadores tomassem providências, se sete deles estavam sendo beneficiados. Segundo o Ministério Público, até babá de filho de vereador era paga com dinheiro da prefeitura.
Enquanto a população da periferia sofre com ruas esburacadas, sem atendimento adequado na área de saúde, de saneamento, sem água, iluminação púbica deficitária e uma infindável série de outras mazelas, a prefeitura deixa os ricos ainda mais ricos, sem que eles precisem fazer qualquer esforço para merecer a gorda mesada.
Os nomes que compõem a lista do Ministério Público revelam a presença de ricos pecuaristas, ex-vereador, advogada, empresários, dona de hotel, dono de posto de gasolina, locutor de rádio, bioquímica, comerciantes e diretores da BAND/TV Ponta Negra de Alenquer se locupletando de forma ilícita com os recursos públicos. Todos com boas condições financeiras que, só por serem parentes do prefeito ou de vereadores de sua base de sustentação, ou mesmo por elogiarem o prefeito nos veículos de comunicação sugam, todos os meses, o dinheiro que deveria estar sendo usado em obras e serviços que trouxessem melhores condições de vida à população, principalmente dos mais carentes.
Até a secretária particular do prefeito Farias, que mora em Manaus, estava sendo paga pela prefeitura.
Procurados pela nossa reportagem, ninguém na prefeitura quis falar, revelando que só dão entrevista a quem consta na vergonhosa folha de pagamento, pois sabem que esses jamais farão as perguntas comprometedoras, que realmente interessam à sociedade e à população, limitando-se a deixar que autoridades e assessores falem somente aquilo que é conveniente aos seus interesses particulares.
Em uma conta por baixo, supondo que em média cada um ganhe por volta de mil reais, pode-se dizer seguramente que são mais de 50 mil reais por mês desviados para os bolsos dos marajás-lagartas. Isso dá mais de 650 mil reais por ano, ou 2 milhões e 600 mil reais no decorrer de 4 anos.
Certamente seria o suficiente para no período de um mandato construir-se o tão sonhado e propalado hospital municipal, ou pavimentar as ruas da esquecida periferia, ou construir sistemas de abastecimento de água nas comunidades mais carentes, ou distribuir cadeira de rodas para todos os portadores de necessidades especiais de Alenquer. Dois milhões e seiscentos mil reais é muito dinheiro. Equivale a mais de um mês de FPM nos valores de 4 anos atrás.
Quanto medicamento para a secretaria de saúde repassar às pessoas carentes daria para comprar com 50 mil reais por mês? Enquanto alenquerenses morrem sem ter dinheiro para comprar medicamentos, parentes do prefeito e de vereadores ficam mais ricos.
É dolorido saber que boa parte do dinheiro de nossos tributos, como aquela Taxa de Iluminação Pública que com muito sacrifício a população paga todos os meses no talão de luz, vão direto para o bolso dos marajás.
A justiça tarda, mas não falha. Em boa hora a justiça, através da juíza Adelina Moreira da Silva veio dizer que são nulas todas essas nomeações. Que o pagamento dessas pessoas é imoral, ilegal e ofende os princípios básicos de uma administração pública honesta e proba. Isso significa que todos devem ser exonerados e que todo o dinheiro pago aos funcionários fantasmas deverão ser devolvidos aos cofres públicos.
Alenquer vive um momento histórico, no qual a Justiça fulmina o enriquecimento ilícito e o uso indevido do dinheiro público.
Marjean Monte
2 comentários:
Pesquisando notícias na internet, somente agora tomei conhecimento do fato acontecido na cidade de Alenquer.
É extremamente vergonhoso saber que pessoas, que se dizem Seres Humanos, possam praticar esse tipo de delito. Roubar escandalosamente um povo sofrido necessitado de atenção e, acima de tudo, de saúde.
Para aqueles, que pensavam serem imunes aos seus atos, felizmente, não digo tardia, mas em boa hora, a justiça bateu à porta.
Certamente, hoje, pode-se dizer que a justiça, não apenas, VIVE e CAMINHA, mas principalmente MOSTRA SUA CARA em Alenquer, onde a imoralidade política e administrativa perdeu, tenho certeza absoluta, pelo menos por algum tempo, o seu espaço.
Parabéns ao povo de Alenquer, que HOJE, pode contar com a VERDADEIRA JUSTIÇA ao seu lado.
GILSON TAVARES
BOA VISTA-RR
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