quinta-feira, 4 de setembro de 2008

PRESO ACUSADO DE MATAR CINCO PESSOAS DA MESMA FAMÍLIA EM ALENQUER

Já está recolhido no Presídio Regional em Santarém, Oeste do Pará, o pequeno fazendeiro Francisco Camelo de Oliveira Filho, 27 anos, conhecido por Pelado. Ele confessou ter matado por envenenamento cinco pessoas da mesma família e depois ter queimado os corpos em uma caieira, no município de Alenquer, na mesma região.

O crime, ocorrido há um mês, foi descoberto nesta quarta-feira 3, por uma equipe de policiais civis coordenados pelo delegado Germano Carneiro do Vale.

Em depoimento, Francisco confessou a autoria do crime e disse que o cometeu por causa da briga com pai em função da demarcação dos terrenos das duas fazendas de propriedade da família. As vítimas são o pai de Pelado, Francisco Camelo de Oliveira, conhecido por Chico Camelo; a madrasta do acusado, Lucidalva de Sousa Lira; Maria Leonilda de Sousa Rodrigues, cunhada de Chico Camelo; e os filhos de Lucidalva, Lucivando de Sousa, de 9 anos, e um bebê de seis meses.

Há um mês, denúncias feitas à Delegacia de Alenquer davam conta do desaparecimento de cinco pessoas residentes na fazenda Milagre, situada na comunidade Arumanzal, zona rural do município. A equipe policial passou a investigar o fato. Na casa da fazenda em que morava a família, atualmente, residiam Francisco Camelo Filho e a esposa.

Aos moradores da comunidade e familiares, o acusado alegava que o pai havia lhe vendido a fazenda por R$ 15 mil e depois teria viajado com toda a família para local desconhecido. O delegado passou a suspeitar de Francisco Filho. No dia 1° deste mês, o delegado solicitou à Justiça de Alenquer uma ordem judicial de busca domiciliar na fazenda para apreender objetos e bens das pessoas, até então, desaparecidas para auxiliar nas investigações. O mandado foi decretado no dia 3 e cumprido por volta de 6h30, quando uma equipe de policiais civis e militares foi à propriedade.

Durante vistoria no imóvel, os policiais encontraram dois revólveres de calibres 32 e 38, além de uma espingarda, calibre 36. Francisco Filho recebeu voz de prisão e foi conduzido à viatura policial, juntamente com sua mulher. A caminho da delegacia, ao perceber que a mulher também seria presa, ele resolveu confessar o crime e indicar o local onde estavam os restos mortais das vítimas. Em depoimento ao delegado, Francisco Filho contou ser dono da fazenda Santa Tereza, situada a 300 metros de distância da fazenda Milagres. O preso alegou que a relação com o pai não andava bem, por causa da separação com sua mãe. Segundo ele, as coisas pioraram depois que o acusado recusou-se a atender a um pedido feito por seu pai, no final do mês de julho, para retirar um pico (demarcação), que divide a fazenda do acusado e a de seu pai. O Filho afirmou que, no dia seguinte, o pai foi à fazenda Santa Tereza, com um arma de fogo, e tentou matá-lo.

Ele chegou a efetuar um disparo em direção ao filho, que teve de correr para os fundos da fazenda para não morrer. O preso alegou ter sido ameaçado de morte pelo pai. Ainda, segundo Francisco Filho, o incidente chegou aos ouvidos dos comunitários que intercederam e pediram ao senhor Francisco Camelo de Oliveira, que relevasse tudo e pedisse desculpa ao filho. Dois dias depois, Francisco, o pai, foi até à fazenda Santa Tereza e pediu desculpas ao filho, alegando que havia sido incentivado por sua mulher para obrigá-lo a aceitar a demarcação dos terrenos.

Apesar de aceitar as desculpas, Francisco Filho disse ter ouvido boatos de que a desculpa era uma mentira, pois o pai queria mesmo matá-lo para ficar com as fazendas. No final de julho, por volta de 16h, enquanto colocava o gado no curral, o acusado disse ter recebido a visita de seu pai, que lhe perguntou se havia trazido peixe para casa. Em seguida, Chico Camelo perguntou se poderia jantar com a família na casa do filho, o que foi aceito pelo acusado. Em torno de 18h, as vítimas foram ao local. Ali, Lucidalva e Maria Leonilda aprontaram uma caldeirada de peixe.

No momento em que os familiares estavam fora da casa em volta de um igarapé, o acusado apanhou um frasco com veneno de matar rato e o despejou na panela de peixe sobre o fogão. Após o jantar, o pai dele e familiares retornaram à fazenda Milagre. O preso conta, no depoimento, que por volta de 20h, foi à casa de um vizinho. Ao retornar, às 21h30, avistou uma mulher caída na estrada e percebeu que era Maria Leonilda já morta. Em seguida, foi à fazenda de seu pai e o encontrou morto ao lado da mulher na cama do quarto. Em outro quarto, encontrou as crianças. Uma delas ainda estava viva. Ele retornou ao quarto do pai e carregou o corpo dele até os fundos da fazenda, onde havia um buraco que usava para queimar carvão. Em seguida, agiu da mesma forma, colocando os corpos de Lucidalva e Maria Leonilda. Por fim, colocou no buraco as crianças já mortas.

Após os corpos estarem todos juntos no buraco, o acusado cobriu o local com madeira e ateou fogo. O preso afirmou ainda que as chamas ficaram acesas durante quatro dias. No quarto dia, ao perceber que não havia mais fogo, resolveu cobrir o buraco com areia. Francisco Filho disse ainda, em depoimento, que pretendia matar apenas o pai, a companheira dele e a cunhada. Segundo ele, Lucidalva não o aceitava na família por ser filho da primeira mulher de Chico Camelo. Ela teria incentivado o pai e tentar matá-lo a tiros, segundo afirmou o preso.

O acusado, após o depoimento, foi transferido ao Centro de Recuperação Silvio Hall de Moura, em Santarém, onde está recolhido à disposição da Justiça. Ele vai responder pelas cinco mortes, ocultação de cadáveres e porte ilegal de armas. Os restos mortais das vítimas foram removidos para perícia em Santarém.

Fonte: Ascom PC
Fotos: SBT Alenquer

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